terça-feira, 15 de setembro de 2015

COLUNAS DO JUREMIR MACHADO DA SILVA -CORREIO DO POVO.

Postado por Juremir em 15 de setembro de 2015 - Uncategorized
Até as baratas sabem que a corrupção no Brasil tem por base o financiamento empresarial de campanha.
A chave para entender essa relação promíscua é a célebre tirada liberal: não existe almoço grátis.
Quem paga a conta passada, cobra serviços e favores futuros.
O Senado aprovou uma reforma eleitoral boa demais para ser levada a sério.
Acabou com o financiamento empresarial, liquidou as coligações nas proporcionais, que alimentam as siglas de aluguel e permitem a eleição de candidatos menos votados do que outros, e estabeleceu uma barreira ao acesso aos recursos do fundo partidário. Só nove partidos passam nessa peneira.
A Câmara de Deputados derrubou tudo.
E piorou a situação criando o financiamento empresarial oculto. A empresa doará para o partido sem que se possa saber em qual candidato botou o seu dinheiro. Era o sonho dos políticos: receber dinheiro de empresas sem que o eleitor possa identificar a relação direta entre um candidato e uma pessoa jurídica.
Adeus à possibilidade de provar que o candidato A é financiando pela empresa B para defender seus interesses. O candidato fica protegido. Recebe do partido. É um faz de conta que salva da cadeia.
Eduardo Cunha manipula o antipetismo, fundamento ideológico dos pedidos de impeachment contra Dilma, e fica autorizado a destruir a República pelos bons serviços prestados ao golpismo.
PMDB e PSDB fomentam o golpe, fingem lutar contra a corrupção e, como todos, são beneficiados por um novo sistema que fortalece o toma-lá-dá-cá entre empresas e políticos e salva os eleitos de qualquer responsabilidade. Quem responde é o partido. É a consagração do “eu não sabia”.
Eduardo Cunha é o que o Brasil tem de pior.
Severino Cavalcanti era oásis de moralidade perto de Cunha.
Ferrou!

Postado por Juremir em 14 de setembro de 2015 - Uncategorized
Hoje tem audiência pública sobre a Operação Zelotes na capital gaúcha. É a investigação, sob a responsabilidade do procurador Frederico Paiva, que trata do pagamento de propinas por empresas para economizar com a Receita Federal. Na lista estão empresas gaúchas: RBS, Gerdau e Marcopolo. A RBS teria pago R$ 15 milhões por fora para não ter de entregar R$ 150 milhões ao fisco. O rombo apurado pela Zelotes bota o da Lava-Jato no chinelo: mais de R$ 600 bilhões. Tenho acompanhado de perto, como jornalista, a Zelotes. Já fizemos entrevista no Esfera Pública, da Rádio Guaíba, com o procurador Paiva.
Eu fui o primeiro a informar, no twitter, que um gaúcho seria citado na rede da Zelotes. Sabia que era Augusto Nardes, ministro do Tribunal de Contas da União, o homem que quer pedalar Dilma Rousseff da presidência da República para alegria da oposição. Eu soube disso logo depois das diligências feitas na pacata cidade de Santo Ângelo.Por prudência jornalística, dei as pistas, mas não o nome, em seguida citado pela revista CartaCapital, pelo blogue Cafezinho e depois noticiado pelos jornais O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo. A mídia tentou, mas não conseguiu guardar a notícia no cofre.
A Zelotes mexe num pulgueiro. Muita gente boa acha que sonegar não é crime. Nas manifestações verde-amarelas contra Dilma, em março, abril e agosto, havia cartazes defendendo que sonegar é ato de legítima defesa. O assunto dificilmente chega às manchetes dos telejornais globais. Mesmos os parlamentares não se ocupam dele. A grande exceção é deputado gaúcho Paulo Pimenta (PT).
Felizmente o juiz Ricardo Augusto Soares Leite – que sentava em cima de todas as demandas do Ministério Público, como o pedido de prisão de 26 suspeitos – foi substituído. O procurador Frederico Paiva não estava com a “sorte” de contar com um juiz Sérgio Moro. Por que será?
Terá a ver com o fato de investigar poderosas empresas de comunicação?
Seis empresas integram a lista das favoritas para constar na relação das primeiras denunciadas pelo Ministério Público. A RBS e a Gerdau estão entre elas. Os céticos garantem que nenhum grã-fino conhecerá um par de algemas nem as instalações de uma prisão ao estilo paranaense. O buraco seria mais embaixo ou muito mais acima. O Brasil tornou-se um país tragicômico. Chora-se e ri ao mesmo tempo. Convulsivamente. Investigadores são investigados. Moralistas não têm moral. Controladores de contas passam a ser controlados pela análise do que passaram ou apagaram. Ninguém parece escapar. O olhar da mídia, contudo, é bastante seletivo. O bacana seria juntar a Zelotes e a Lava-Jato numa purificação total da nação. Os que se entusiasmam com a Lava-Jato tendem, contudo, a não sentir tesão pela Zelotes.
A Lava-Jato detonou a relação dos políticos com as empreiteiras. A Zelotes traz à tona as nada republicanas relações de empresas de ramos variados com intermediários para sangrar o tesouro nacional pela burla à Receita Federal. Sem políticos na jogada, a mídia perde um pouco do interesse pela novela. Com mídia na parada, o resto do interesse vai pelo ralo. Sonegar é como estupro. Cadeia.
Chegará o tempo utópico de ver atrás das grades os que sonegam impostos?


Postado por Juremir em 12 de setembro de 2015 - Uncategorized
Fico perplexo quando me acusam de ter partido.
Durante muitos anos, fui rotulado de direitista.
Os petistas faziam abaixo-assinado contra mim.
Fui o primeiro a escrever Lulla.
Em outro campo, fui colorado na infância.
Depois, quando era repórter no Grêmio, virei tricolor.
Voltei a ser colorado.
Agora, sou ex-colorado. Por quê? Porque nunca consegui ser clubista. A verdade me importa mais do que a filiação.
Sou infiel. Anarquista epistemológico.
Admiro o tradicionalismo gaúcho pelo seu caráter de agregador social. É Michel Maffesoli na veia: lógica do estar-junto, da vibração em comum, cultura do sentimento, cimento social, compartilhamento, comunhão, tribalismo, pós-modernidade.
Mas não aceito a ideologia conservadora subjacente. Como historiador, que estudou a Revolução Farroupilha como poucos, tendo debulhado 15 mil documentos e dissecado, como ninguém, a traição aos negros em Porongos, não posso negar o passado.
Não poderia o estar-junto tribal existir sem um mito fundador do passado?
Na política, vejo o Brasil atolado: PT, PMDB, PP, DEM e PSDB se equivalem. Critiquei o mensalão e, ao mesmo tempo, apontei os casuísmos do julgamento comandado por Joaquim Barbosa como a teoria do domínio do fato, que permite condenar por ilação. Quero condenações globais. Questiono: por que o mensalão tucano não é julgado? Busco coerência.
Quero os mesmos parâmetros para todos.
Critiquei o governo Tarso Genro por não pagar o piso do magistério.
Critico o governo Sartori por atrasar os salários do funcionalismo podendo não fazer isso.
Defendo os salários em dia do funcionalismo, mas sou a favor de mudanças na previdência estadual.
Todos devem ter o mesmo regime de previdência, até o teto do INSS mais aposentadoria complementar para quem quiser.
Sou a favor do aumento de impostos proposto por Sartori e da volta da CPMF desejada por Dilma.
Defendo um Estado forte, mas não me oponho à privatização de empresas estranhas ao papel do Estado.
Acho que o governo Dilma se atolou e que o PT deu os doces. O Brasil precisa refundar quase todos os seus partidos.
Até os nomes dessas siglas precisam desaparecer.
Mas até agora não vi provas que possam determinar o impeachment da presidente Dilma. Sou legalista, garantista, objetivista e desconfio do ativismo jurídico, do subjetivismo ideológico e da política que se toma por moralismo.
Abomino a corrupção petista, tucana, peemedebista, democrata, pepista e outra mais. Aplaudo as políticas sociais dos últimos anos. Em educação, foi uma revolução inclusiva. Nunca tantos pobres e não brancos tiveram tanto acesso à universidade.
Aceito todos os pontos de vista, mas não posso legitimar o uso da corrupção como mecanismo ideológico para derrubar Dilma não pelos ilícitos possíveis do seu partido, mas por ódio às políticas sociais herdadas dos governos Lula.
Derrubem Dilma pela corrupção, se houver provas da sua responsabilidade, não pelo bolsa-família, pelas cotas e pelo ProUni.
Sou múltiplo, complexo, polissêmico, plural, eclético, independente, espacial, transoceânico, o máximo.

Postado por Juremir em 10 de setembro de 2015 - Uncategorized
O governador José Ivo Sartori disse que de vaca morta não se tira leite. O Rio Grande do Sul é a vaca morta. Até o governador do Maranhão está tirando onda com nossa crise: não quer que o seu Estado se transforme num Rio Grande do Sul. A declaração de Sartori dá o que pensar. Vamos por partes no esquartejamento do animal. Das duas, uma: o candidato Sartori elegeu-se sem saber que a vaca tinha morrido e sem plano para ressuscitá-la, o que é muito grave, ou estava muito consciente da situação e tem um plano para encarecer o preço do leite que passa pela morte da vaca ou por fazer crer que ela bateu as botas.
Em outras palavras, Sartori sabia de menos ou sabe demais.
Eleger-se sem projeto para fazer a vaca voltar a dar leite ou sem saber da morte da vaca equivale a tratar a população como rebanho. Nesse sentido, o eleitor estaria encurralado. Votou numa suposta solução e agora fica sabendo que o problema era desconhecido do candidato. Se isso for verdade, o cidadão só tem algo a exclamar:
– A vaca foi pro brejo e morreu mesmo.
A outra possibilidade não é melhor. O candidato conhecia o estado de saúde da vaca e tem uma solução: declarar que ela está morta para forçar um tratamento de choque capaz de ressuscitá-la à custa da saúde coletiva. Se para fazer a vaca ficar novamente de quatro e dar leite for preciso deixar a população por algum tempo sem segurança, saúde e educação, o “doutor” de plantão topa a parada. Trata-se de um tratamento radical com a ingestão de doses cavalares, se o termo não for incompatível com a metáfora bovina, de leite contaminado. Digamos, uma espécie de vacina. O paciente reage ou se entrega de vez. O estranho do tratamento é que, por um lado, ele parece pretender atacar a causa, como deve ser, mas sem qualquer preocupação com os sintomas. Pela reforma estrutural, cujos efeitos são de longo prazo, não se preocupa com a dor de cabeça imediata.
Por outro lado, parece usar as dores de curto prazo como instrumento para forçar soluções de longo prazo. Acontece que o doente quer parar de sentir dor imediatamente e se curar. A sensação que dá é bizarra: Sartori quer leite sem vaca? Ou pretende tirar mais leite de uma vaca reencarnada? O homem comum tem uma única pergunta:
– Como fazer para a vaca voltar a dar leite?
Os leiteiros do governador sonham com diminuição do tamanho do Estado, privatizações, mudanças na previdência do funcionalismo público e aumento de impostos. Há quem diga que aumentar impostos é a melhor maneira de enterrar de vez a vaca atolada. O que vai rolar nesse campinho? Não adianta fechar a mangueira e jogar a chave na lagoa. Se a vaca está morta, dá para ouvir o berreiro da população sem leite. Espera-se do vaqueiro que ela saiba fazer o animal se levantar e dar leite. Até agora, o governo não mugiu nem tugiu com clareza. Fustiga a vaca, aperta-lhe as tetas ou puxa-a pelo rabo. No meio dessa confusão toda, com a vaca estatelada, o governo faz cara de paisagem. Será que está escondendo o leite para ganhar mingau?
**FALTA A COLUNA DE HOJE DO CORREIO DO POVO ( Aderindo ao Golpe)

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