Custo do
trabalho sobe na indústria 25% em 2 anos
CLAUDIA
ROLLI
DE SÃO PAULO –uol folha sp
O custo do
trabalho na indústria, indicador que considera o custo da produção em relação a
salários e encargos, cresceu até 25,3% (em termos reais) no Brasil no acumulado
de 2011 e 2012.
O aumento
desse gasto aliado a baixos níveis de crescimento e investimento, inflação
elevada e gargalos na logística e infraestrutura do país contribui, na prática,
para tornar o produto brasileiro mais caro para enfrentar os concorrentes
estrangeiros --dentro e fora do Brasil.
A perda de
competitividade é maior na indústria têxtil, nas empresas de material de
transporte e na de máquinas e equipamentos.
São esses os
segmentos mais afetados pelo custo da mão de obra e consequente baixa
produtividade, segundo estudo da gerência de economia e estatística da Firjan
(Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), que pesquisou 15
segmentos da indústria de transformação.
A média de
crescimento real do custo do trabalho nos segmentos estudados foi 11,3%. Oito
deles registraram expansão acima da média. Somente 2 dos 15 ramos tiveram queda
do custo --o de papel/gráfica e o de madeira.
Entre 2009 e
2010, período em que a produtividade do setor e o custo da hora trabalhada
foram fortemente impactados pela crise mundial, o indicador caiu 0,14% na média
dos mesmos 15 segmentos estudados.
Já no
período de 2004 a 2008, pré-crise global, o custo do trabalho na indústria
cresceu, em média, 3,29%.
"Quando
os salários crescem em descompasso com a produtividade, o custo para produzir
no Brasil aumenta. Isso não só por causa do aumento de salários mas também
porque são necessárias mais horas de trabalho para fazer o mesmo produto.
Resultado: não consigo manter um preço para enfrentar concorrentes", diz
Guilherme Mercês, gerente de Economia e Estatística da Firjan e coordenador do
estudo.
O gasto com
trabalho é um dos componentes do chamado custo Brasil, que, segundo a Firjan,
encarece em de 22,6% a 30,9% os produtos fabricados pela indústria nacional de
transformação.
Segundo José
Silvestre Prado de Oliveira, coordenador de relações sindicais do Dieese, o
setor empresarial "sempre" dá ênfase ao peso do custo do trabalho
dentro do chamado custo Brasil.
"Mas
ele não pode ser considerado o responsável por inviabilizar ou retirar a
competitividade das empresas e dos produtos brasileiros