LARISSA GUIMARÃES
DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA BRASIL
O MEC (Ministério da Educação) confirmou nesta quinta-feira que 14 questões que estavam em apostila distribuída a alunos de um Colégio Christus de Fortaleza foram copiadas de dois dos 32 cadernos de pré-teste do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) aplicado no ano passado na escola.
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Essas mesmas questões foram cobradas na prova do Enem ocorrida no último fim de semana. Os candidatos da instituição terão que refazer a prova por determinação do MEC.
Ontem, o ministério reconheceu que um simulado feito pelo colégio, duas semanas antes do Enem, continha oito questões que foram aplicadas no exame, realizado no último fim de semana.
Segundo dados levantados pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), 91 estudantes da instituição participaram, em outubro do ano passado, da fase de pré-teste do Enem.
O pré-teste dos itens é feito pelo Inep para avaliar se as questões em análise são válidas e qual é o grau de dificuldade. Depois de aprovadas, elas são incluídas em um banco de itens utilizado para montar a prova.
De acordo com o MEC, nenhum dos cadernos aplicados aos alunos do Christus foi extraviado, mas os técnicos do Inep constataram que as questões contidas nas apostilas são cópias do material aplicado em 2010. O MEC, entretanto, ainda não esclareceu como o material foi copiado.
"Constatou-se, portanto, que as questões não são de domínio público, nem muito menos que as questões do pré-teste tenham sido memorizadas pelos estudantes", disse o ministério por meio de nota. As escolas que vão participar do pré-teste do Enem são escolhidas por sorteio.
Segundo o MEC, os alunos foram informados apenas de que se tratava de um pré-teste para o Banco Nacional de Itens do Inep, que auxiliaria nas avaliações aplicadas pelo órgão.
Vários estudantes do colégio Christus declararam, pelo 0800 do Inep, ter recebido "questões encadernadas em material apócrifo e com programação gráfico-visual distinta do habitualmente distribuído".
A nota do MEC divulga a declaração de um aluno:
"Como aluno da própria escola, confirmo que no máximo três dias antes das provas, recebemos TDs (apostilas) com 92 questões, incluindo 14 que caíram no exame. O mais curioso foi termos recebido das mãos de um dos coordenadores e principais professores, com a instrução de que não deveríamos compartilhar os TDs com nenhum candidato de outra escola." M.R.L., pelo 0800 do Inep. A Polícia Federal no Ceará investiga o caso.
O ministério disse ainda que cancelar as provas feitas pelos alunos do Colégio Christus "baseia-se unicamente no princípio da isonomia, fazendo-se justiça".
"Na medida em que os estudantes do colégio tiveram acesso a essas questões, eles passaram a ter vantagem em relação aos demais participantes. Assim, a reaplicação da prova é a melhor forma de compensar prejuízos ou favorecimentos a qualquer participante, já que a metodologia de análise dos resultados permite a comparabilidade", informou, em nota.
Em nota, o colégio informou que vai recorrer da decisão do ministério de cancelar a prova dos alunos do Christus e nega que tenha praticado qualquer ato ilegal. Para o colégio, a solução mais justa é anular as questões que vazaram.
*folha.com*