Publicado em 04/04/2017 às 09h29
A família de Caio Júnior processa a
Chapecoense. Exige R$ 30 milhões de indenização. Viúvas de jogadores e
jornalistas mortos prometem ações coletivas. A conta pode chegar a mais de um
bilhão. O que colocaria em risco a sobrevivência do clube.TWITTERGOOGLE +
Sem
meias palavras.
Para
os familiares de Caio Júnior houve negligência da Chapecoense. Por economia,
expôs a vida da delegação e de Caio ao escolher a Lamia para transportar o time
até a Colômbia. Já até o valor estabelecido pela lei.
R$
30 milhões.
O
cálculo é feito em cima do salário total de Caio Júnior, o registrado na
carteira mais o direito de imagem. Chegava a R$ 120 mil mensais. Ele tinha 51
anos. E a expectativa de vida era de 71 anos. São 20 anos.
Este
o cálculo os R$ 30 milhões.
O
advogado da família, Luiz Fernando Pereira, deixou claro à Folha que não haverá
perdão. Por mais que todos saibam que o clube não queria a morte da delegação,
houve negligência ao escolher na escolha da companhia aérea, que se mostrou
precária, com apenas quatro aviões. Tanto que a aeronave caiu em Medellin
porque o piloto, e um dos sócios da Lamia, quis economizar R$ 10 mil, não
reabastecendo. Sem combustível, houve a pane seca e o avião despencou matando
71 pessoas.
"Já
tem um bom tempo do acidente. As famílias devem abrir mão de buscarem seus
direitos em nome da prosperidade do clube? A Chapecoense foi negligente em não
examinar as questões que eram básicas para a contratação do voo", diz
Pereira.
A
Chapecoense está firme. A diretoria acredita precisa ser firme para não ter de
pagar indenizações que podem passar de R$ 1 bilhão. As viúvas de jogadores
estão unidas e decididas a procurar a justiça. Aliás, a viúva do volante Gil
foi a primeira. A audiência inicial já está marcada para o dia 22 de maio, em
Chapecó.
As
viúvas estão orientadas por advogados a seguir o mesmo caminho da família de
Caio Júnior. Exigir suas indenizações baseadas na expectativa de vida dos
maridos. E também não levando em conta apenas o que recebiam em carteira, mas
também o direito de imagem.
A
Chapecoense e CBF já pagaram o que consideravam correto para as viúvas.
Nada
mais do que 40 salários.
O
clube bancou 28 e a CBF, 12.
Só o
que estava registrado em carteira e não o direito de imagem.
A
diretoria do clube catarinense processa a Lamia.
E
acredita que conseguirá R$ 527 mil a cada família daqueles que estavam no
avião. A questão é complicada. E deverá ser definida em Londres, sede da seguradora
da Lamia. Só que a empresa boliviana, que está impedida de voar desde o
acidente, já declarou não ter dinheiro.
Para
deixar ainda mais preocupada a direção da Chapecoense, os familiares dos
jornalistas mortos no acidente também já procuraram a justiça. E vão processar
o clube usando o mesmo princípio de salário vezes estimativa de vida. Fora a
possibilidade de transações para outras equipes. Eles tiveram uma grande
valorização na temporada de 2016.
E
mais.
Advogados
apontam que há como processar também por danos morais.
A
somatória destes dois tipos de ações pode passar do R$ 1 bilhão.
No
mínimo, envolverá centenas de milhões do clube.
A
CBF já avisou que fez sua obrigação.
Agora,
a questão é toda da Chapecoense.
O
clube terá de arcar por sua opção pela Lamia.
Para
evitar ceder à pressão dos dirigentes, as viúvas dos jogadores combinaram que
suas ações serão conjuntas, na maioria. Como acontece com os familiares dos
jornalistas.
A
perspectiva é péssima para o clube catarinense.
Dirigentes
da Chapecoense estão preocupadíssimos.
Acreditam
que não terão como pagar.
Não
há condição de sobreviver a uma dívida bilionária.
E
sabem que as chances são enormes de perder as ações.
É
dinheiro demais para a estrutura do clube.
Por
trás de toda a emoção do jogo de hoje, há muita tensão.
Não
pelo título da Recopa Sul-Americana.
Mas
pela sobrevivência da Chapecoense.
Porém
como virar as costas às famílias dos mortos?
À
escolha pela Lamia para transportar a delegação?
A
justiça decidirá essa questão delicadíssima.
Publicado em 04/04/2017 às 09h29 .... blog Cosme Rímoli
Publicado em 04/04/2017 às 09h29 .... blog Cosme Rímoli
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