O ANO SARTORI. Por Juremir
Machado da Silva do Correio do Povo.
Termina 2015. Foi o ano
Sartori. O governador do Rio Grande do Sul patrolou a oposição e o
funcionalismo. Por alto, deve ter aplicado uns 28 a 1. Aprovou tudo o que quis,
durante o jogo e na prorrogação, inclusive o que os seus aliados rejeitavam
quando eram oposição.
O ano Sartori caracterizou-se
por parcelamento de salários do funcionalismo, reforma da previdência, com a
implantação de uma aposentadoria complementar, sonho rejeitado do PT, aumento
de impostos, sonho de todos os governos anteriores e promessa de campanha do
atual governador de que não ocorreria, e diminuição dos valores pagos como
RPVs, outro sonho petista que não se realizou.
Na linguagem da oposição e dos
insatisfeitos, o ano Sartori teve um tripé matador: atraso de salários, aumento
de impostos e calote. A estratégia adotada pelo governo Sartori funcionou: focar
no pânico para colher reformas consideradas amargas. A cereja do bolo foi a
aprovação, no apagar das luzes do ano devastador, da lei de responsabilidade
fiscal estadual. Uma coisa é certa: o governo aparelhou-se para gastar menos.
Resta saber se vai conseguir oferecer os serviços esperados pela população. Se
teve uma área caótica em 2015, foi a da segurança. Nem tudo o que o governo fez
foi ruim. A reforma da previdência era necessária. Pena que a Assembleia
Legislativa não siga o mesmo modelo e tenha se presenteado antes com
aposentadoria especial. O governo arrancou nacos dos chamados “privilégios” dos
funcionários do executivo. Será que mudou muito no mundo encantado do
funcionalismo do legislativo e do judiciário? Ou, mais exatamente, mudará algo
no mundo encantado dos magistrados?
Em ano duro, medidas duras.
Para aprovar certas reformas foi preciso cercar militarmente a Assembleia
Legislativa e até manter suas galerias vazias. O aumento de impostos era
inevitável e não vai gerar os efeitos catastróficos anunciados pelos
apocalípticos interesseiros. A transformação de RPVs em precatórios é uma
maldade que gestores de todos os horizontes aplicam nos credores sem perder o
sono. Definição de Estado: ente político-administrativo que pode escolher quais
leis vai deixar de cumprir. A exemplo do governador Tarso Genro, Sartori não
paga o piso do magistério. Mas isso não gera processo de impeachment.
O ano terminou com o
décimo-terceiro salário sendo pago com empréstimos fakes dos funcionários no
Banrisul. É uma pedalada – banco público emprestando ao seu dono – autorizada
pelos deputados com o beneplácito de todos os poderes. A prova é que o tomador
do empréstimo tem os juros pagos ressarcidos pelo Estado.
Sartori teve razão ao longo do
ano em mostrar que não se pode governar só com o dinheiro dos depósitos
judiciais, operação que criticava no governo Tarso, mas que também praticou.
Moral do ano Sartori: o que é ruim no governo do oponente pode ser a solução
quando se chega ao poder. A política é a arte de gerir contradições. José Ivo
Sartori pode alegar que fez o possível numa situação grave. O governo Sartori
elegeu um alvo: o funcionalismo. Crivou-o de reformas. Ficou um resto de
mudanças para 2016. Com todos os seus projetos aprovados, o que fará o
governador a partir de agora? O ano de 2015 foi sartoriano. O tempo dirá se foi
bom.
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