Jussara Hoffmann participa de evento coordenado pela UFFS – Campus Cerro Largo
“Nós somos um dos últimos países no mundo que reprova na
Educação Básica e justificamos isso pela busca da qualidade e da excelência.
Porém, a avaliação não deve existir nas escolas para punir os alunos, para
reprová-los, para excluí-los”. É o que argumenta a educadora Jussara Hoffmann,
que esteve presente no curso de extensão do Pacto Nacional pelo Fortalecimento
do Ensino Médio (PNEM) e do Programa de Formação Continuada de Trabalhadores em
Educação da Região Macromissioneira.
O curso, coordenado pela Universidade
Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Cerro Largo, foi realizado quarta-feira
(04), no auditório da URI, em Santo Ângelo, e contou com a presença de cerca de
250 professores da Educação Básica de oito Coordenadorias Regionais de Educação
(CREs).
O tema abordado no segundo encontro
do curso tratou sobre Avaliação Emancipatória (ou Avaliação Mediadora, conforme
termo utilizado por Hoffmann), que se caracteriza pelo uso de registros da
construção de cada aluno e do coletivo, sinalizando possibilidades de
intervenções necessárias ao avanço e à construção do conhecimento. Ela tem a
finalidade de acompanhar e intervir ao longo do processo, tendo por base o
pressuposto de que todos aprendem de jeitos diferentes. Para Hoffmann, a forma
de avaliar na Educação Básica ainda é classificatória, a qual tem como
característica o julgamento de resultados, o pressuposto de que todos aprendem
da mesma forma, além do uso de registros qualitativos para aprovação ou
reprovação. “Um examinador de uma prova de vestibular, por exemplo, não é um
mediador. Temos que ter o cuidado de não reproduzir, em sala de aula, esses
processos avaliativos classificatórios. Segundo a Unesco, está comprovado que a
reprovação não significa melhoria de aprendizagem para nenhum aluno”, declara a
educadora, que há mais de 30 anos estuda o assunto.
O curso de Extensão foi disponibilizado gratuitamente pela UFFS
aos professores e teve dois encontros, totalizando 40 horas. O primeiro, que
abordou o tema Seminário Integrado, foi realizado no início de outubro e contou
com a presença da assessora pedagógica da Coordenação e Gestão do Ensino Médio e
da Educação Profissional do Departamento Pedagógico da Secretaria da Educação do
Rio Grande do Sul, Silvana Oliveira Carvalho.
Os dois temas abordados foram resultados de um levantamento das
demandas requeridas pelos professores durante a realização do PNEM e do Programa
de Formação Continuada, no ano de 2014. O primeiro, proposto pelo governo
federal e com abrangência nacional, e o segundo, idealizado e articulado pela
UFFS, tem abrangência estadual, formando cerca de 23 mil profissionais da
Educação das 1063 escolas com Ensino Médio.
Maior programa de formação do
Brasil
O Programa de Formação Continuada de
Trabalhadores em Educação da Região Macromissioneira é o maior projeto de
Extensão da Universidade e, segundo o diretor do Campus Cerro Largo, Ivann
Carlos Lago, se tornou o maior programa de formação de professores do Brasil.
Ele explica que o foco na Educação é uma opção institucional, já que “a UFFS foi
criada a partir de movimentos sociais regionais que tinham como marca o pleito,
a luta e a intenção de que a Universidade não só fosse criada para ser pública,
federal, mas que ela tivesse essa identidade. Dessa forma, a Universidade abraça
o Programa para que ele se reforce e se torne maior a cada ano e isso só é
possível porque estamos em uma região onde os professores das escolas aceitaram
encarar esse desafio”.
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