Brasil, o país das inversões
Roger Bastide se enganou: o Brasil não é o país dos contrastes.
É o país das inversões.
O réu na justiça, Eduardo Cunha, comanda o julgamento de Dilma Rousseff, que não é ré.
É mais rápido derrubar um presidente da República, sem provas, do que o presidente da Câmara dos Deputados, com provas.
A presidente pode ser derrubada por ter tentado obstruir o trabalho da justiça.
Eduardo Cunha faz isso diariamente e continua firme e forte.
É aliado dos que querem derrubar a presidente.
O impeachment de um presidente da República é decidido pela Câmara dos Deputados e pelo Senado. Com base num crime de responsabilidade. O velado, porém, está virando obsceno.
Até alguns ministros do STF dizem que o julgamento é político por ser feito por políticos.
Não é o julgamento que vira político. É o parlamento que se transforma em tribunal jurídico.
Precisa julgar a prova.
Se o parlamento julgar politicamente, dispensando a chatice da demonstração de um crime, o STF voltará a ser instância da conferência prova. Se não fizer isso, legitima golpe.
Todo julgamento para não ser arbitrário exige demonstração de prova.
Menos no Brasil?
O Direito precisa ser explicado pela sociologia.
Sociologia do Direito.
É a sociologia que desmascara a ideologia das coisas.
Inclusive a sua.
No país das inversões, o investigado presume-se inocente e julga o que presume culpado.
A justiça presume a existência de julgadores não partidários e não previamente comprometidos com uma das partes em causa. Fora disso, reina o torto convertido em direito.
Ives Gandra Martins e Miguel Reali Jr. são “juristas” da oposição.
Fábio Konder Comparato e Dalmo Dallari são “juristas” da situação.
Só não vê quem vê demais.
No país das inversões, o vice-presidente da República, que deveria ser exemplo de neutralidade, conspira para tomar o lugar da presidente que o levou ao poder. Há um jeito mais comum de chegar ao cargo de presidente da República: ganhar uma eleição direta.
Era o que o MDB pregava contra a ditadura.
*
No Brasil, felizmente, não há censura.
Estou fazendo uma campanha contra mim.
Proponho que me critiquem muito.
Sugiro que cada um faça um blog, um twitter ou facebook contra mim.
Quero 24 horas por dia de crítica.
Entrarei, como sempre faço, com texto diários aqui para provocar as críticas que me serão feitas.
É um modelo perfeito.
Eu escrevo o que penso nos meus espaços.
Os meus críticos escrevem o que pensam de mim nos seus.
Na era das redes sociais, cada um tem a sua mídia.
Não falta espaço.
Nem para fakes.
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