Voto de desconfiança contra Dilma
Uns quatro ou cinco deputados falaram em pedaladas para justificar seus votos.
Os demais não se preocuparam com um motivo tão pífio.
Votaram contra Lula, Dilma e o petismo.
Foi um voto de desconfiança típico de parlamentarismo.
No presidencialismo, o impeachment depende de um crime de responsabilidade provado.
Dizer que no parlamento o voto é dos políticos não poderia significa um voto político, mas, no mínimo, um voto embalado como se fosse técnico com referências ao objeto do julgamento. Os deputados, em respeito à regra do jogo, deveriam dar-se o trabalho de justificar o entendimento do crime.
Quem se importa com isso?
De resto, viu-se a Câmara dos Deputados nua: um bando de homens e mulheres maltratando o português, pulando e gritando com torcedores num bar, proferindo insultos homofóbicos e tomando cusparadas, tentando aparecer com cartazinhos bizarros na tevê, assacando contra a honra uns dos outros, chamando o presidente da casa de ladrão, diante da indiferença absoluta do ofendido, fazendo homenagens a mães, pais, filhos, namoradas e certamente amantes, coçando as partes genitais, votando por todas as razões, menos a que poderia justificar um voto conforme as imputações do processo, enrolados em bandeiras como se estivessem no carnaval, metendo o dedo no nariz, cutucando o colega, uma tropa estranha, incontida, irracional, histriônica, confusa e avassaladora. A impressão é de que ali estavam os mais malandros de cada lugar, os mais despachados e encenadores, os mais espertos.
Retrato de um país perdido buscando a salvação com ajuda de Eduardo Cunha.
Agora vai!
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